
Mais tarde o fenômeno acelerou.
No dia seguinte, o morto era já composto apenas por uns sapatos pretos novos e pela cabeça.
A mulher do defunto estava irritadíssima. Só conseguiu pensar no dinheiro desperdiçado no enorme caixão de madeira.
- A minha madeira, a minha querida madeira! - Murmurava ela, sem que ninguém a ouvisse.

No dia do enterro a viúva não suportou mais e,
à frente dos familiares, desatou a chorar,
agarrada à madeira do caixão.
Gonçalo M. Tavares in
«O Senhor Brecht»
No comments:
Post a Comment